Piolho na macieira? É comum?
Os afídios ou piolhos são insetos completamente dependentes da planta hospedeira, uma vez que se alimentam exclusivamente da sua seiva, que sugam, enfraquecendo a planta. As picadas nos ovários das flores provocam o seu abortamento ou o desenvolvimento de frutos atrofiados. Picadas nos pequenos frutos vingados causam a sua queda ou atrofiamento e deformação irreversíveis.
Os afídios reproduzem-se com grande rapidez, atingindo em poucos dias enormes populações. Isto deve-se, primeiro, ao facto de a maior parte das espécies de afídios se reproduzir por partenogénese, ou seja, as fêmeas saídas dos ovos de inverno produzem diretamente larvas fêmeas, e segundo, a que estas fêmeas rapidamente atingem a idade adulta e a capacidade de, por sua vez, se reproduzirem, repetindo-se o processo por várias gerações, até ao outono.
Como medidas preventivas, recomenda-se a racionalização das adubações azotadas, o arejamento e iluminação da copa das árvores por uma poda adequada.
Uma aplicação cuidadosa de óleo parafínico no fim do inverno, permite a destruição de uma quantidade apreciável de ovos de inverno e de fêmeas que tenham já eclodido, bem como de fêmeas adultas de espécies que, como o pulgão-lanígero, passam o inverno no colo das árvores ou nas rugas e feridas dos ramos e tronco. Estes tratamentos contribuem para diminuir a extensão e a gravidade dos ataques na primavera.
Na presente ficha apresentam-se, resumidamente, as caraterísticas das três espécies de afídios que maiores prejuízos podem causar às macieiras na Região de Entre Douro e Minho.
Piolho cinzento da macieira (Dysaphis plantaginea)
Tem como hospedeiro principal a macieira. Pode aparecer também em marmeleiro.
Como hóspedes secundários, durante o verão, tem sobretudo plantas herbáceas do género Plantago(língua de ovelha, tanchagem). As picadas deste afídio nos rebentos novos provocam o enrolamento das folhas.
O mais grave são as picadas nos ovários das flores, mesmo antes da floração, levando ao seu abortamento. As picadas, tanto no ovário das flores, como nos jovens frutos, provocam o atrofiamento e deformações irreversíveis nos frutos e impedem o seu crescimento.
Fortes infestações podem também prejudicar o crescimento das árvores mais jovens e o aparecimento de fumagina.
O piolho cinzento pode levar a acentuadas perdas de produção, se não for eficazmente combatido. Recomendam-se tratamentos de fim de inverno, com óleos, contra os ovos de inverno. No período de vegetação, pode ser preciso aplicar um aficida, de acordo com aestimativa do risco.
Piolho verde da macieira (Aphis pomi)
Tem acentuada preferência pela macieira, embora possa aparecer noutras plantas, como catapereiro, nespereira, sorveira, marmeleiro e pereira. Os seus ataques são muito graves nas árvores jovens, cujo crescimento comprometem seriamente.
Nas árvores adultas causam o enrolamento das folhas dos rebentos do ano, que podem secar e cair. Podem causar deformações nos frutos. Provocam o aparecimento de fumagina. São eficazes os tratamentos de fim de inverno, com óleos, visando destruir os ovos de inverno. Durante a vegetação, pode ser preciso aplicar um aficida, de acordo com a estimativa do risco.
Pulgão-lanígerom(Eriosoma lanigerum)
O pulgão-lanígero vive principalmente em macieiras, embora possa aparecer esporadicamente noutras espécies, como catapereiro, Cotoneaster, sorveira e pereira.
Coloniza raízes, tronco, ramos e rebentos. As suas picadas provocam nódulos e tumores mais ou menos volumosos nas raízes grossas, tronco e ramos, que de seguida abrem gretas. Os tumores nas raízes atrasam o desenvolvimento das árvores jovens e acabam por bloquear o seu crescimento.
Nos ramos atacados desenvolvem-se cancros que impedem o desenvolvimento dos gomos florais.
A melada produzida pelas colónias propicia o desenvolvimento de fumagina. Pode dar-se uma quebra acentuada de produção e o enfraquecimento da árvore.
Sobre as gretas abertas nos tumores, desenvolvem-se fungos como o que provoca o cancro europeu da macieira.
No Entre Douro e Minho, as colónias de pulgão-lanígero são frequentemente parasitadas, em junho-julho, pelo himenóptero Aphelinus mali, que pode conseguir percentagens de destruição do pulgão superiores a 90%. Tratamentos de inverno, com óleos, dirigidos às colónias, reduzem as populações de forma satisfatória. Os tratamentos durante o período de vegetação, sempre de acordo com a estimativa do risco,devem atingir apenas os 2/3 inferiores da árvore, de modo a poupar o mais possível o parasitoide Aphelinuss mali.
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