O que são produtos fitofarmacêuticos?
De acordo com o Regulamento (CE) n.º 1107/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de outubro, relativo à colocação dos produtos fitofarmacêuticos no mercado, designam-se “produtos fitofarmacêuticos” os produtos que contêm substâncias ativas, protetores de fitotoxicidade ou agentes sinérgicos e se destinam a uma destas utilizações:
a) Proteger os vegetais ou os produtos vegetais contra todos os organismos nocivos ou prevenir a ação desses organismos, salvo se os produtos em causa se destinarem a ser utilizados principalmente por motivos de higiene e não para a proteção dos vegetais ou dos produtos vegetais;
b) Influenciar os processos vitais dos vegetais — por exemplo, substâncias que influenciem o seu crescimento, mas que não sejam nutrientes;
c) Conservar os produtos vegetais, desde que as substâncias ou produtos em causa não sejam objeto de disposições da União Europeia especiais em matéria de conservantes;
d) Destruir vegetais ou partes de vegetais indesejáveis, com exceção das algas, salvo se os produtos forem aplicados no solo ou na água para a proteção dos vegetais;
e) Limitar ou prevenir o crescimento indesejável de vegetais, com exceção de algas, a menos que os produtos sejam aplicados no solo ou na água para a proteção dos vegetais.
Na prática: aplicação passo a passo
Verificação do material
A maioria dos pesticidas é aplicada por pulverização. Assim, é necessário ter um pulverizador operacional e cujo débito deve conhecer, de modo a que a quantidade de produto doseada seja correta.
Antes de preparar a calda fitossanitária, deve certificar-se de que:
O pulverizador está limpo e afinado, com o depósito vazio e lavado;
A pressão de trabalho é adequada ao tratamento que vai fazer;
O pulverizador não tem fugas de calda a partir do depósito ou das condutas;
Os bicos difusores se encontram em bom estado, para assegurar a boa distribuição da calda.
Preparação da calda fitossanitária
A preparação da calda implica a abertura da embalagem onde o pesticida se encontra concentrado, por isso é uma fase perigosa.
Assim, tenha os seguintes cuidados:
Durante a preparação e a aplicação da calda não deve fumar, comer ou beber;
Proteja-se com o equipamento de proteção individual (máscara / óculos, luvas, botas de borracha, chapéu e fato-macaco);
Garanta que não há crianças ou animais no local onde vai fazer o procedimento;
Faça-o ao ar livre e afastado de cursos de água, poços, nascentes ou valas;
Leia com cuidado o rótulo da embalagem antes de a abrir, confirmando a finalidade do produto, a sua toxicidade, a dose ou concentração a utilizar, o intervalo de segurança e as indicações;
Prepare a quantidade exata a usar para evitar desperdício;
Utilize material apropriado e só destinado a este fim (medidor, funil, etc.);
Não toque no produto ou na calda com as mãos nuas;
Não respire os pós ou vapores libertados no processo;
Evite derrames durante a preparação da calda e o enchimento do depósito;
Insira todo o conteúdo da embalagem no interior do depósito do pulverizador, fazendo uma “tripla lavagem” se se tratarem de embalagens rígidas de capacidade até 25 litros/kg.
O tratamento
Tendo cumprido os passos anteriores, está na altura de aplicar o tratamento.
Recomendam-se os seguintes cuidados:
Mantenha pessoas e animais afastados do local de aplicação;
Não aplique os produtos contra o vento ou com vento forte;
Nunca aplique herbicidas com o atomizador;
faça-o sempre com o pulverizador de jato projetado;
Quando aplicar herbicidas próximo de outras culturas, localize o mais possível a aplicação, usando uma campânula ou outro dispositivo parecido;
Sempre que possível, sem prejuízo da segurança da cultura, não aplique produtos debaixo de chuva ou quando esta seja previsível nas 2 ou 3 horas a seguir ao tratamento;
Evite fazer o tratamento na hora mais quente do dia;
Evite fazer tratamentos na época da floração, sobretudo com inseticidas, para não interferir com a polinização;
Mantenha uma faixa de terreno não tratada na bordadura dos campos, particularmente na margem de cursos de água ou áreas aquíferas;
No fim do tratamento, se houver excedente de calda, pulverize-a sobre a vegetação espontânea que exista na proximidade. Caso escolha eliminar a calda despejando-a para o solo, nunca o faça próximo dum curso de água, poço, vala ou nascente.
Cuidados a ter após a aplicação dos produtos fitofarmacêuticos
Guarde as embalagens vazias no armazém dos pesticidas, dentro de sacos de plástico próprios (Valorfito);
Lave o depósito do pulverizador num local apropriado, afastado de cursos de água, poços, valas ou nascentes;
Lave as mãos e a cara com água e sabão;
Lave o equipamento de proteção individual e o material que utilizou;
Marque o local onde foi feito o tratamento, no caso de o rótulo da embalagem o recomendar.
Tratamentos seguintes e colheita
No que toca aos tratamentos a fazer até à altura da colheita, há aspetos a considerar.
Manter o número de tratamentos anuais para cada pesticida dentro do que é recomendado;
Respeitar os intervalos de segurança definidos para cada pesticida e cultura;
Manter um registo atualizado dos tratamentos feitos em cada cultura. Este registo deve incluir:
datas de tratamento,
nomes dos produtos aplicados,
doses ou concentrações utilizadas e
datas de colheita previstas em função dos intervalos de segurança.
Nota: Atividades de Venda, Distribuição e Aplicação de PF's
As actividades de venda, distribuição e aplicação de PFs estão reguladas pela Lei nº 26/2013 que determina as condições em que podem ser exercidas.
Os agricultores todos deverão deter uma autorização de exercício de actividade.
Os agricultores têm que dispor de habilitação profissional como aplicador.
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